Bom dia, queridos leitores! Há quanto tempo, não é?
Ontem a noite, um amigo me ligou e disse que leu meu blog e que gostou muito do jeito que eu escrevo. Disse que parece que eu estou conversando com as pessoas. Eu achei engraçado e fiquei muito lisongeada. Mas o fato é que eu havia esquecido do blog!
Com tanta coisa acontecendo, eu dei prioridades para as outras redes sociais e acabei abandonando meu bloguinho querido.
Mas cá estou. Voltei e pretendo voltar a escrever aqui novamente. Afinal, 2026 está batendo à porta, não é mesmo? E fim de ano é aquela coisa: muitas comemorações e também momento de pensar nos planos para o ano seguinte.
Eu não via a hora de dezembro chegar, principalmente por causa das férias das aulas de música e das orquestras. Sim, estou tocando em duas orquestras e fazendo aula de viola de arco!
Você deve estar pensando: como essa cidadã desenhista de mangá foi para numa orquestra? Sinceramente, nem eu sei...
Tudo aconteceu muito rápido. Vou tentar resumir. Mas antes vou contar sobre meu passado com a música.
Uma das minhas ambições na vida sempre foi tocar um instrumento, criar músicas e até ter uma banda. Mas por falta de condições financeiras e de apoio ( antigamente não haviam projetos sociais como o projeto Guri), eu tive que deixar essa ambição de lado.
Em 1992 eu entrei no concervátorio de música Fego Camargo e fiz dois anos e meio de piano lá. É um concervatório renomado do Vale do Paraíba. Mas tive que desistir do curso porque era pago. Toda vez que eu digo isso as pessoas se assustam porque a Fego hoje em dia é de graça. Ninguém lembra da época em que você tinha que pagar mensalidade e concorrer a bolsa se quisesse estudar de graça.
Eu era uma menina sem dinheiro. Não porque eu era pobre, mas a minha família, no caso, meus pais, não estavam sabendo de nada. Eles não me apoiavam e ninguém achava que era importante para mim. Na época as pessoas não eram obrigadas a pagar um salário mínimo, eu trabalhava mas não recebia o suficiente. E a inflação era tão alta que o dinheiro desvalorizava no mesmo dia!
E estávamos em plena mudança para o plano Real. Quando a moeda mudou, em 1994 o preço da mensalidade subiu tanto que ficou inviável para mim. Saí da Fego devendo vários meses. Eu mal tinha dinheiro para a passagem de ônibus quanto mais para uma mensalidade alta! Para piorar cancelaram as bolsas justamente no ano que eu estudava e precisava... Ou seja, pobre é humilado de forma diferente.
Então deixei os estudos de lado. Fiz violão popular, mas por falta de grana também desisti. Muitos anos depois, o meu irmão caçula, o Simon, que nasceu numa época melhor, começou a estudar teclado no projeto Guri e depois fez teatro. Eu e a Shirubana entramos num coral do professor do Simon, o Alexandre, que por coincidência era amigo do meu irmão mais velho, o Sílvio. Depois fomos para o coral da Oxiteno, uma empresa da cidade e lá fizemos muitos amigos.
Simon cresceu e queria um violino. E nós compramos um violino para ele de presente de Natal em 2010. Mas a gente não entendia nada desse instrumento e acabamos comprando um violino muito pequeno, 3/4. Mas ele começou a aprender bem o instrumento. Aprendeu sozinho. E a Shirubana também gostou do instrumento e começou a tocar também. E uma amiga do Simon vendeu seu violino para ela. Os dois começaram a tocar juntos e eu ficava no teclado. A gente só ensaiava músicas de Natal para torturar a família no fim do ano. Era muito divertido. O Sílvio comprou um teclado do Alexandre e começou a ter aulas com ele. Até temos um vídeo onde o irmão mais velho toca Noite Feliz com a gente.
Num dado momento, o Simon trocou seu primeiro violino por uma viola de arco. Por ser maior ele achou que se daria melhor nela, porém ele queria o violino e deixou a viola guardada, apesar de ter conseguido tocar um pouco. A viola é parecida com o violino, mas as cordas têm outras notas, não é a mesma coisa.
Anos depois veio a Pandemia, meu irmão Silvio morreu de covid na segunda onda em 2021 e deixou um apartamento. O Simon foi morar lá em 2022 e nós ficamos todos tão deprimidos que não tínhamos força para tocar no Natal. Mas numa das nossas visitas ao apartamento, em dezembro do mesmo ano, eu vi a viola na estante do quarto do Simon. Deitadinha lá, abandonada. Eu olhei para ela com outro olhos e ela me olhou de volta.
Eu sempre brinco que violinistas escolhem seus violinos, mas violistas são escolhidos por suas violas.
Eu disse: Simon, acho que vou tentar tocar a viola. Você me empresta?
Ele ficou feliz e no dia seguinte já me levou a viola e as partituras, com escalas de 3 oitavas... Era a clave de dó. Eu lia as claves de Sol e de Fá, mas a de dó eu só sabia que existia.
Eu lembro que passei a noite toda olhando para a viola, não consegui dormir pensando como eu iria começar. Não sei explicar, algo me dizia que aquela seria uma nova jornada.
Para minha surpresa, eu conseguir ler a clave de Dó sem problemas. Não lia fluente ainda mas achei as notas, o problema era saber onde ficava cada nota nas cordas. Eu estava meio perdida. Usar o argo para tocar era como ter pés no lugar das mãos, um desastre!
Foi então que o Simon inscreveu eu e a Shirubana no Centro Cultural, onde ele estava estudando de graça com o professor João. Ele tinha tentado vaga por dois anos lá antes de conseguir. E tinha evoluído muito em um ano.
Na hora eu pensei: Meu Deus! E se eu passo? Eu estou velha demais para estudar música... Desde a Fego se passaram mais de 30 anos!
Eu fui pesquisar na internet quanto tempo alguém adulto levava para aprender a tocar violino ou viola e vi que para adultos era algo muito difícil. Não era impossível, mas era difícil. Eu lembrei da minha professora de música dizendo que o violino era o instrumento mais difícil de todos... Mas o Simon tocava e ele também não começou com 4 anos de idade...
E não é que passei? A Shirubana ficou numa lista de espera, mas eu passei. Em fevereiro de 2023, aos 48 anos eu fui ter a minha primeira aula no centro cultural de Taubaté.
Lá, conheci meu professor, o Ronilson que por coincidência ( e eu não acredito em coincidência) ele era violista e não violinista! Achei fantástico!
Com eu já lia a clave de dó ele ficou feliz. Um dia falei da minha irmã que tocava violino. Ele olhou na lista e viu que ela estava em primeiro lugar, só esperando uma vaga. E ele tinha uma vaga! E acabou que ela começou a estudar também. E por coincidência, uma hora antes de mim. Praticamente fazemos aulas juntas!
Alguns meses se passaram e o professor nos colocou na orquestra que ele estava fazendo como parte do curso. Tivemos que entrar e assim começou nosso martírio. No mesmo ano tivemos a primeira apresentação no Centro de Eventos de Tremembé.
Gente! Era uma luta! Tocar não é fácil, tocar em grupo é uma tarefa árdua.
Com o tempo fomos nos adapitando ao negócio. E até tocamos no Teatro Metrópole de Taubaté, onde até artistas renomados têm dificulade de conseguir.
No começo de 2025, entramos para uma orquestra filarmônica, a OFIPI, recém criada. Depois eu conto detalhes de como fomos parar lá. E na "cagada" tocamos no auditório Gláudio Santoro em Campos do Jordão, no festival de inverno.
E agora temos convites para entrar em outras orquestras! Sim, amigos, nós, as senhoras jovens geriátricas, estamos numa carreira musical totalmente desenfreada!
E nesse final de ano, tocamos com a banda do professor Lucas, de teroria musical. Sim! Estamos fritando o cérebro em aulas teóricas... Fizemos até técnica vocal com o professor Lucas.
Mas então, e os desenhos? Bom, esse ano o estúdio completou 15 anos, mas desde a Pandemia estamos um pouco paradas. Porém, resolvemos voltar com tudo. Afinal, tivemos muitos problemas e a música foi uma espécie de fulga que ficou séria,rsrs.
Agora estamos voltando a planejar o futuro dos nossos mangás. No próximo post eu vou falar sobre isso. Aliás, pretendemos voltar a fazer podcasts. Aguardem!








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